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quinta-feira, 17 de março de 2011

Soneto - o melhor da poesia!

Se em muita fronte que parece calma,
Se em muito olhar que límpido parece;
Se pudesse notar, ler se pudesse,
Tudo o que n'alma existe e vive n'alma!

Entre essa paz fictícia que se espalma
No rosto, a inveja, raro transparece;
Ela que à glória alheia se enraivece,
E que às alheias lágrimas se acalma.

Alma, vítima dessa enfermidade!
Mal sabes que à dos outros sendo adversa,
Tu és adversa à própria f'licidade!

A inveja os risos todos te dispersa:
Menos ódio merece que piedade,
Porque és mais insensata que perversa.

Raimundo Correia
Do livro: "Antologia de Poesia Brasileira
Realismo e Parnasianismo",
Ed. Ática, 1985, SP

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